Especialista indica a criação de um setor específico para gerir a qualidade

Qualquer instituição de ensino superior procura agregar o termo “qualidade” ao trabalho que desenvolve. No entanto, por se tratar de uma expressão abstrata, essa noção permite conduzir qualquer processo a uma interpretação subjetiva. Assim, para conseguir verificar que tipo e tamanho de qualidade se trata, instituições de ensino precisam trabalhar com indicadores adequados que mensurem o trabalho realizado.

O problema é que muitas vezes iniciativas não têm continuidade, principalmente pela falta de uma avaliação que permita afirmar com propriedade se a experiência alcança o êxito desejado. Tais indicadores precisam ser elaborados sempre com rigor, seja de forma empírica ou consensual, que ajudem a superar essa subjetividade.

Por isso, um departamento direcionado voltado para a gestão da qualidade pode significar um enorme avanço para qualquer instituição. Para o professor José Joaquín Mira, da Universidade Miguel Hernández de Elche, diante de uma oferta cada vez mais competitiva, a formação em qualidade, assim como a figura do gestor da qualidade, tende a ganhar cada vez mais espaço no ensino superior. “Instituições que estabelecerem um diferencial, e que tenham claro o que querem atingir a médio prazo, conscientes de seus recursos e forças, serão as que em pouco tempo se destacarão sobre as outras”, aponta.

Trabalho em equipe

Em um recente estudo que Mira conduziu, 31 diretores de universidades espanholas ajudaram a definir as habilidades mais importantes para esse tipo de profissional: liderança, capacidade de motivação, saber compartilhar missão, visão e valores da organização, estar orientado aos resultados, servir de referência e fortalecer o trabalho em equipe.

Porém, para Mira, que irá ministrar um curso de extensão sobre gestão da qualidade pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal) no final de setembro, professores e estudantes são os dois grandes protagonistas para medir e desenvolver a qualidade. Isso porque, apesar da importância de meios e recursos materiais, o trabalho que eles realizam é determinante para o nível de qualidade alcançado, muito mais que o investimento em recursos. “Os recursos nos ajudam a oferecer comodidades e a condicionar, mas não determinam a qualidade, tanto quanto”, explica.