O uso do termo “disruption” não é uma novidade no ambiente do ensino superior. Entretanto, é provável que tenhamos dificuldade em fazer a ruptura em nossas IES, o que explica o fato do sistema de educação superior ter características mais homogêneas e menos diversificadas. Os estudos de Clayton M. Christensen, que utilizou esse termo em “The innovator’s Dilemma”, tornaram-se referência sobre os caminhos da inovação para as organizações que de fato pretendem realizar mudanças no DNA institucional.

Porque não provocamos a “disruption”, entendido aqui por ruptura, e mudamos o DNA de nossa instituição? Talvez, uma das respostas seja o fato de não conhecermos as melhores práticas do ensino superior. Em um ambiente competitivo, conhecer as melhores práticas e fazer inovações é o caminho indicado para as IES que realmente querem fazer mudanças no DNA.

Recentemente, em curso em Babson College, o professor Jay Rao descreveu o ambiente competitivo das companhias. Ele mostrou vários exemplos de grandes companhias que perderam a capacidade de inovação e foram superadas pelas médias companhias; e como companhias pequenas, mas inovadoras, podem se tornar médias ou grandes empresas. A questão está na capacidade de inovar e de formar times engajados e de alto desempenho.

Para as IES que querem mudar o DNA, o segredo está em saber fazer a ruptura necessária para implementar inovações. Nem sempre sabemos o caminho ou temos uma rota de navegação, mas devemos investir em pessoas preparadas. Nenhuma IES faz mudanças sem uma liderança com visão de futuro e com um time de pessoas engajadas.

O exemplo da Brighan Young University de Idaho representa um dos melhores cases mundiais de mudança de DNA. A universidade estava em crise financeira e com dificuldades de competir no sistema de educação superior dos Estados Unidos. O que foi feito? A primeira atitude foi a mudança da equipe de liderança e, em seguida, uma série de inovações: aproximação com os empregadores, uso de tecnologia, uso de ensino virtual, capacitação de professores e mudança de metodologias de ensino.

A inovação não representa necessariamente fazer algo completamente novo. A inovação pode estar na capacidade de implementar as melhores práticas do ensino superior ou de romper com o que está ultrapassado. Obviamente, a inovação deve ser entendida como um processo.

O Vice-Presidente Acadêmico da Brighan, Fenton L. Broadhead, fará uma palestra no 15º FNESP sobre o case dessa universidade, que inspirou diversos estudos nos Estados Unidos. Os participantes poderão debater com uma pessoa que participou de uma mudança efetiva no DNA institucional.

Na mesma mesa de debate, com o professor Fenton, estará Luiz Fábio Mesquiati, do Instituto de Educação da Universidade de Londres. O professor Mesquiati foi para Londres fazer o seu pós-doutorado e permaneceu na cidade. Ele entrevistou gestores das melhores universidades inglesas. Seu trabalho foi entender como os gestores realizam as mudanças de DNA. Ele é um gestor brasileiro conectado com o mundo, pois tem vínculos com universidades de todos os continentes.

O Carlos (Degas) Filgueiras, presidente da DeVry do Brasil irá completar a mesa de debate. Degas é conhecido pela sua capacidade de inovar. Jovem e empreendedor, ele soube compreender o momento da expansão do sistema de ensino superior e se associar a um grupo internacional. A inovação também está na capacidade de compreender a dinâmica do ambiente que atuamos e projetar o futuro, com olhar estratégico e visão.

A “desruption” pensada por Christensen, nas IES, é possível. Ele estudou o caso de Idaho. Há boas iniciativas no Brasil que precisam ser efetivadas. Há rupturas em nossas IES que precisam ser realizadas. O que não podemos é ficar no meio do caminho, perdidos. É preciso coragem.  O FNESP, organizado pelo SEMESP, terá como um dos seus objetivos instigar os participantes a pensarem em possíveis rupturas. Os gestores precisam assumir riscos calculados e planejados.

por Fábio José Garcia dos Reis