Por Salete Silva | Para o Valor, de São Paulo

A transformação acelerada de modelos de negócios e o surgimento de startups bem-sucedidas exigem ousadia dos executivos para interpretar o novo cenário. Ideias e inspiração são insuficientes para provocar mudanças e criar o novo. Inovar requer estratégias, métodos e processos que escolas de educação executiva oferecem em programas com foco em inovação, criatividade e tecnologia.

“O desafio é estruturar a inovação, que é um processo caótico, numa gestão que exige organização”, explica o professor e coordenador de pós-MBA em gestão da inovação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Sandro Cortezia.

O curso apresenta novos conceitos para construir uma organização inovadora, como design thinking – ferramenta para solucionar problemas com criatividade — e inovação em modelos de negócios, que abrange seleção dos clientes, definição de produtos e serviços e resultados.

Os conceitos, segundo Cortezia, são conferidos na prática, em workshops sobre esses temas. O curso traz ainda mecanismos de fomento e elaboração dos projetos. A ideia, segundo o professor, é dar uma visão do que é uma organização moderna e o que a torna inovadora.

A Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais iniciou em 2013 uma reestruturação na pós-graduação para inserir a inovação no cerne dos cursos. Criou ofertas avançadas de pós-graduação lato sensu.

Foram introduzidos temas como design thinking, empreendedorismo, inovação e novos negócios em cursos de administração, artes e ciências, engenharia jurídica, saúde e educação. O objetivo é estimular a criação de produtos e negócios, informa o coordenador de cursos de master e especialização, José de Andrade Albino.

Os participantes chegam aos programas de inovação com visão tradicional do mercado e oferecer perspectiva exponencial é um dos propósitos de cursos como o de pós-graduação em gestão da qualidade da inovação da Universidade Positivo, do Paraná. Há um ecossistema digital por trás do cliente que precisa ser compreendido pelos gestores, informa o professor de inovação da Universidade Positivo, Leandro Henrique de Souza.

Design thinking é um dos temas frequentes dos programas, não só como disciplina, mas como assunto principal de cursos. Na Fundação Instituto de Administração (FIA) da Universidade de São Paulo, há programas também de curta duração.

Profissionais de diferentes áreas como finanças, marketing e recursos humanos, entre outras, estão em busca de uma forma criativa de pensar, explica o coordenador dos cursos de design thinking da FIA, Luiz Velloso. O programa ajuda a compreender por que usar e como aplicar essa ferramenta para gerar inovação, além de estimular a elaboração de ideias criativas.

Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), disciplinas ligadas à inovação são ministradas na especialização em marketing e na graduação de design, administração e comunicação social, informa a professora Daniela Callegaro, pesquisadora em estratégia, inovação e internacionalização.

O mercado puxa as mudanças e a capacidade de inovar, segundo a professora, mantém as empresas conectadas com seus mercados.

Esse é um movimento internacional. Instituições de ensino no mundo todo acompanham o desenvolvimento de startups e spinoffs de empresas como oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento econômico.

A Singularity University, na Califórnia, oferece, por exemplo, um Programa de Inovação Exponencial de três dias, que apresenta ferramentas e metodologias de apoio à inovação. Tecnologias exponenciais, instrumentos de inovação e liderança em inovação são os principais temas abordados.

Design thinking também é tema de diversos cursos de diferentes áreas no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Cambridge. Como o master em inovação e design thinking para engenheiros e introdução ao design thinking para a educação, que ensina o uso de ferramentas em projetos educacionais.