Estudo revela motivos dos egressos não trabalharem na área em que se formaram como falta de oportunidade, mudança de planos como prestar concurso público em outra área

A Assessoria Econômica do Semesp – Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior lançou nessa quarta-feira (dia 18), em São Paulo, o Panorama dos Concluintes do Ensino Superior, um estudo inédito, com o objetivo de entender o perfil do aluno egresso do ensino superior e conhecer suas principais dificuldades e expectativas em relação ao futuro profissional.

A participação dos alunos e ex-alunos nesse estudo foi gratuita e opcional e os resultados foram coletados durante o primeiro semestre de 2017, por meio de envio de formulário eletrônico (questionário com 33 perguntas), para um banco de dados de 120 mil e-mails. Os dados foram tabulados em agosto. Houve participação de alunos e ex-alunos de 379 Instituições Mantidas de Ensino Superior, entre privadas e públicas, em todas as regiões do país e em 135 cursos diferentes. No total foram 1.445 respostas, das quais 1.089 de participantes que já concluíram o ensino superior, sendo que a maior parte deles se formou recentemente (em 2015 e 2016), somando 69,9% do total. A amostra foi aleatória simples com 95% de confiança e erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

Empregabilidade 

De acordo com o estudo, dois a cada três alunos que concluíram o ensino superior estão trabalhando atualmente, sendo que a maioria em sua área de formação. “Só 44,4% desses concluintes, que saíram das IES públicas, não estão trabalhando no momento e continuam estudando em cursos de pós-graduação (56,2%), principalmente na modalidade Stricto Sensu (53,1% em mestrado ou doutorado). Já entre os que não trabalham no momento e que saíram de IES privadas (29,5%), a maioria (60,5%) não está fazendo outro curso atualmente”, disse Rodrigo Capelato. “Esses dados são extremamente importantes porque mostram que o trabalho dos mantenedores de ensino superior particular tem de ser voltado para a qualidade do ensino e para a empregabilidade desses alunos que entram na graduação com o objetivo de conseguir um trabalho na área e ter um salário melhor depois de formado.”

Ainda de acordo com a panorama, dentre os egressos que responderam estar trabalhando no momento, cerca de 57,7% está empregado com carteira assinada. Entre os que saíram de instituições privadas, o percentual é maior (63%). Já considerando os concluintes de IES públicas, apesar da maioria apresentar registro em carteira (43,6%), é relevante os que apresentam contrato temporário (17,2%) como vínculo empregatício ou que estão no funcionalismo público.

Entre os que trabalham em uma área diferente da área de formação, o percentual é maior para os que se formaram em IES privadas, cerca de 21,5%, enquanto que na pública, 12,7%. “Os principais motivos apontados pelos respondentes para não trabalhar na área relacionada ao curso de formação foram falta de oportunidade e de interesse, mudança de planos como cursar uma outra graduação ou prestar concurso público”, enfatizou Capelato.

Cargos e salários

O estudo mostrou também que os cargos de liderança como diretor, gerente, coordenador ou supervisor são ocupados, em sua maioria, por egressos provenientes de instituições privadas (cerca de 17,9%). Já os cargos analíticos como consultor, especialista, júnior, sênior ou pleno, são ocupados por egressos de instituições públicas (47,9%). Nos níveis de faixas salariais mais baixas, como auxiliar, assistente, operacional ou técnico, os cargos são ocupados, em maioria, por provenientes de IES privadas. Importante destacar que há maior concentração de homens em cargos de liderança e técnicos e as mulheres estão mais presentes, proporcionalmente, em cargos de assistente, agente, assessor, auxiliar ou operacional.

De forma geral, grande parcela dos alunos que concluíram o ensino superior no país (47,1%) recebe mensalmente um salário entre 1 mil reais e 3 mil reais. É possível verificar uma leve tendência de maior salário entre os alunos provenientes de instituições públicas.

Também foi registrado um crescimento considerável no percentual de concluintes nas faixas de renda inferiores a 3 salários mínimos (aumento de 4,7 pontos percentuais na faixa de até 1,5 salário mínimo e 3,4 pontos percentuais na faixa entre 1,5 e 3 salários mínimos), “o que mostra que as ações de políticas públicas como o Programa de Financiamento Estudantil (FIES) tiveram efeito esperado e auxiliaram, de fato, o acesso da população de baixa renda ao diploma de ensino superior”, destacou Capelato.

Grau acadêmico e áreas de atuação por região

O estudo revelou ainda a o perfil dos egressos de cursos presenciais do ensino superior separado por grau acadêmico, cuja amostra equivale a 957 respostas, das quais 833 pessoas fizeram cursos presenciais de bacharelado, 43 de licenciatura e 81 cursos relacionados à graduação tecnológica, além das dificuldades enfrentadas pelos egressos na procura do emprego.

Analisou também o perfil dos egressos de ensino superior para os cursos que, atualmente, apresentam maior número de alunos matriculados no Brasil: Administração, Direito e Engenharia. A amostra para esse recorte equivale a 119 respostas de formados em Engenharia, 101 de Administração e 71 de concluintes em Direito.

E ainda dividiu os egressos por duas grandes regiões: A (Norte, Nordeste e Centro-Oeste) e B (Sul e Sudeste), mostrando que a maioria dos egressos concluiu o ensino superior em instituições privadas. Esse percentual é ainda mais expressivo na região B, chegando a 70,6%. Na região A cerca de 53,6% dos participantes da pesquisa responderam ter concluído o curso de graduação na rede privada de ensino.

O panorama de concluintes levou ainda em consideração apenas os respondentes que não concluíram o ensino superior em instituições privadas ou públicas no Brasil. A amostra equivale a 356 alunos, sendo 242 de IES privadas (68%) e 114 de IES públicas (32% e 54% são mulheres; 57% estudam ou estudaram em cursos no período noturno;  65% apresentam idade até 24 anos e 23,6% são residentes no Estado de São Paulo. Entre os respondentes de instituições privadas, exceto os que ainda estão cursando a graduação no momento, “o motivo principal por não ter terminado o curso foi dificuldade financeira”. Corte no financiamento estudantil também contribuiu para a evasão. Outros pontos citados foram dificuldade no acompanhamento do curso e falta de tempo. Já entre os respondentes de instituições públicas, exceto os que ainda estão cursando a graduação no momento, o principal motivo que levou à evasão está relacionado à dificuldade no acompanhamento do curso. Também houve evasão por não gostar da instituição de ensino.

Perfil dos egressos

Segundo o estudo, o perfil da maioria dos participantes pertence ao sexo feminino (65,5% de mulheres formadas em IES privadas e 56,6% nas públicas) e está concentrada na faixa etária de 25 a 29 anos (46%). Dentre os alunos provenientes de IES privadas, 76,7% moram nas regiões Sul ou Sudeste e das  IES públicas, apesar da maioria morar no Sudeste (45,3%), há uma quantidade significativa no Nordeste (21,1%). Em sua maioria (68,4%) dos egressos residem nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Bahia.

Já as áreas com maior número de egressos no ensino superior privado são Ciências Sociais, Negócios e Direito (43,4%) e Saúde e Bem-estar Social (19,4%) e no público além de Ciências Sociais, Negócios e Direito (23,2%), outra área de destaque foi Ciências, Matemática e Computação, com 21,9%.

Pouco mais da metade do total dos egressos do ensino superior estudaram em cursos presenciais no período noturno (51,6%). Na rede privada o período noturno tem maior porcentagem (66,4%) e na pública o período diurno é maior em termos percentuais (77,9%).

Rankings

O evento contou ainda com a palestra do presidente e CEO da Symplicity, Matthew Small, que mostrou as soluções desenhadas pela empresa norte-americana especialista em recursos de empregabilidade para atender as instituições de ensino superior no desafio de motivar, reter e preparar seus alunos para o mercado de trabalho. “A empregabilidade hoje é prioridade estratégica das instituições. Hoje os alunos não esperam que o diploma seja separado da entrada do mercado de trabalho e o objetivo deles é conseguir uma ascensão profissional depois da graduação”.

Small reforçou que a estratégia da empregabilidade dos alunos com objetivo de retenção aumenta as posições nos rankings educacionais. “No Brasil as IES privadas sempre aparecem atrás das públicas nos rankings e por isso a empregabilidade melhora a reputação da IES e sua competitividade no mercado. No futuro as universidades precisão evoluir e, por meio da tecnologia,  atender mais estudantes em um cenário onde os recursos estarão cada vez mais estagnados ou inexistentes.”

Exigências do mercado

Rosa Maria Simone, supervisora de Conteúdo do Centro de Integração Emprego-Escola (CIEE) falou sobre a integração entre as empresas e as universidades e a importância do estágio para a formação profissional dos estudantes, além de mostrar o gap entre o que a universidade oferece e o que a empresa procura.

A supervisora contou as dificuldades para preencher vagas mesmo com um banco de mais de 2 milhões de alunos, 20 mil IES parceiras e 30 mil empresas ativas, pois o que o mercado espera é um profissional com novos comportamentos e habilidades específicas para o mundo moderno e competitivo “O desafio é que hoje temos falta de adoção de uma política educacional que prepare os jovens para a efetiva inclusão social e profissional, além de falta de qualificação como fator de dificuldade na busca de emprego e ter uma busca constante da qualidade da Educação”, pontuou.

Case Canal Conecta Kroton 

Camila Veiga, gerente de empregabilidade do grupo Kroton Educacional, apresentou o Canal Conecta, um portal que tem a missão de trabalhar a capacidade do aluno para criar seu próprio projeto de vida, mantendo-o conectado e bem informado para aprimorar sua qualificação profissional e assim crescer no mercado de trabalho.

O perfil do aluno é preenchido com perguntas de habilidades e comportamentos, e não somente com as informações tradicionais de um currículo. Os candidatos são classificados pela aderência à vaga e a empresa curte o aluno para convidá-lo para uma entrevista.

A ferramenta possibilita que o aluno encontre perguntas para melhorar o seu perfil e currículo, baixando e imprimindo o seu currículo. Na outra ponta a empresa coloca as vagas. As competências técnicas e comportamentais são comparadas com os currículos do aluno na região em que a empresa precisa.  É usado ainda algoritmos para ter um percentual de aderência, uma lista com candidatos mais aptos a determinada vaga. A “Nossa pesquisa de empregabilidade mostra que após quatro anos de pesquisas qualitativas, quantitativas e técnica os alunos formados pela instituição tiveram aumento de 80% em suas rendas”, finalizou.

Números dos egressos no Brasil

De acordo com a 7ª edição do Mapa do Ensino Superior, publicado pelo Semesp em agosto de 2017, entre os anos de 2011 e 2015, 5,25 milhões de alunos concluíram o Ensino Superior no Brasil (4,09 milhões na rede privada – 78% do total). Entre eles, 83% na modalidade presencial e apenas 17% no EAD. Apenas no ano de 2015 foram 1,15 milhão de concluintes, sendo 912 mil em IES privadas e 240 mil em IES públicas.  As regiões Sul e Sudeste foram responsáveis pela formação de 65% (3,4 milhões) do total de concluintes entre os anos 2011 e 2015 no Brasil.

Sobre o Semesp – Fundado em 1979, o Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior congrega cerca de 200 mantenedoras no Estado de São Paulo e no Brasil. Tem como objetivo preservar, proteger e defender o segmento privado de educação superior, bem como prestar serviços de orientação especializada aos seus associados. Periodicamente, realiza uma série de eventos, visando promover a interação entre mantenedoras e profissionais ligados à educação. Dentre eles, destacam-se o Fórum Nacional: Ensino Superior Particular Brasileiro, o Congresso Nacional de Iniciação Científica e as Jornadas Regionais pelo Interior de São Paulo. Para saber mais, acesse www.semesp.org.br/portal/ ou www.facebook.com/semesp.

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