O professor e pesquisador da Universidade de Coimbra, de Portugal, Joaquim Luís Medeiros Alcoforado

O Semesp recebeu na última sexta, 14, a visita do professor e pesquisador do Grupo de Políticas Educativas e Dinâmicas Educacionais (GRUPOEDE), da Universidade de Coimbra, de Portugal, Joaquim Luís Medeiros Alcoforado.

O convite da visita foi feito pelo diretor de Inovação e Redes de Cooperação do Semesp, o professor Fábio Reis.  Na conversa, que contou com a presença de pesquisadores da área de Educação, Joaquim Luís falou sobre o cenário atual do ensino superior em Portugal, pontuando, por exemplo, a questão da boa formação dos docentes. “Não há, em Portugal, uma política nacional de formação de professores de ensino superior”, explicou Joaquim Luís, questionando o que é ser docente e a necessidade de uma didática de ensino.

Pesquisa de qualidade

Durante a conversa, Joaquim Luís lamentou a mudança do cenário profissional para professores no seu país. “Cerca de 20 mil professores formados estão sem trabalho, e a carreira do docente vem perdendo destaque entre os mais jovens”, disse. “Os mais jovens não têm interesse em investir em uma profissão sem perspectivas, e o índice de professores com menos de 30 anos é baixo”, citou, apontando esse como um dos grandes desafios para o futuro da Educação em Portugal.

Outro desafio, segundo Joaquim Luís, é reforçar o desenvolvimento de pesquisas como principal papel das universidades. “Essa é a função primordial das IES, desenvolver uma pesquisa de qualidade que produza conhecimento a serviço do bem comum e desassociada de um retorno financeiro garantido”, defendeu.

A visita contou com a presença de pesquisadores da área de Educação

Burocracia x gestão

Segundo Joaquim Luís, a questão também se aplica a uma ideia de modelo de gestão versus um modelo burocrático das IES. Para ele, as IES devem superar sim problemas burocráticos, mas a Educação não pode ser vista e administrada como um negócio. “É necessário um projeto educativo contínuo que mobilize e traduza a vontade da comunidade. É preciso uma reflexão mais ampla sobre Educação e um rigor maior na introdução de mudanças na área”, decretou.

Joaquim concluiu a conversa lembrando que ainda existe na Europa uma forte valorização do diploma do Ensino Superior e que uma formação sólida continua sendo a melhor garantia de um bom emprego, de pesquisas de qualidade e, consequentemente, de melhores comunidades. “Não há como deixar de lado uma formação de base mais holística e humanizada. As universidades não devem abdicar da função de criar projetos realistas e com uma visão crítica a partir do contexto em que estão inseridas”, finalizou.