Guilherme Pereira, diretor de Inovação Corporativa da FIAP, falou sobre a velocidade cada vez maior das transformações

A Inteligência Artificial irá substituir os seres humanos? E como essa nova tecnologia irá afetar o ensino superior e a dinâmica nas salas de aula? Parte das respostas para essas perguntas foram apresentadas durante o primeiro painel do último dia do 20º FNESP – Fórum do Ensino Superior Particular Brasileiro, realizado pelo Semesp, em São Paulo nesta sexta, 28.

A partir do tema “A Inteligência Artificial Aliada à Inovação no Ensino Superior”, três pesquisadores e profissionais ligados à área de tecnologia discutiram paradigmas da inserção da IA no universo acadêmico: Guilherme Pereira, diretor de Inovação Corporativa da FIAP; Joanna Bryson, pesquisadora transdisciplinar da Bath University; e Maurício Garcia, vice-presidente de Inovação e Ensino da Adtalem Brasil.

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“As transformações nunca serão tão lentas como atualmente”. Foi assim que Guilherme Pereira iniciou sua fala no FNESP. Segundo ele, por causa da crescente velocidade das mudanças, as instituições de ensino superior precisam rever  metodologias de ensino porque os conteúdos ficarão obsoletos ao longo da duração dos cursos. “É aí que a Inteligência Artificial surge para auxiliar as IES. Ela será utilizada para criar formas de aprendizado e estabelecer novos modos de pensar nas salas de aula”, afirmou.

Guilherme disse ainda que IA modificará drasticamente o papel dos professores e colocará os alunos no papel de protagonistas, substituindo o paradigma de que o aprendizado em sala de aula é algo passivo para assumir uma postura mais interativa. “Eles serão mentores, incentivando os alunos a pensarem de modo criativo e cognitivo”, explicou.

Entre alguns exemplos de uso da Inteligência Artificial, ele citou aplicativos e ferramentas que avaliam a aceitação e o comportamento dos alunos em relação aos conteúdos. “Será possível customizar o conhecimento e definir estratégias de aprendizado em nível individual, aprimorando a eficiência das abordagens didáticas”, exemplificou.

Joanna Bryson, pesquisadora transdisciplinar da Bath University, defendeu que a IA não substitui a inteligência humana

Inteligência Humana x Inteligência Artificial

Joanna Bryson traçou um histórico da inteligência humana para refletir sobre o papel da Inteligência Artificial. A pesquisadora lembrou que a evolução da inteligência foi algo lento que começou a partir da invenção da escrita, que possibilitou a preservação de ideias. Ela destacou ainda que o uso da inteligência demanda tempo, energia, espaço e busca para que as coisas certas sejam desenvolvidas no momento certo.

Bryson citou que uma das preocupações da humanidade é que a Inteligência Artificial aprenda a aprender, mas ressaltou que ela nada mais é do que mais um tipo de inteligência humana. “A IA faz exatamente o que os humanos fazem e está aprendendo o que nós já aprendemos. Ela carrega nossos problemas e soluções e nada mais é do que o conhecimento humano aplicado nas maquinas. Isso não implica dizer que as máquinas estão obtendo consciência”, pontuou.

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“Será que já atingimos um limite para a inteligência e estamos fazendo a coisa certa?”, questionou afirmando que responder essas perguntas é um desafio da educação superior. Joanna Bryson concluiu dizendo que fazer previsões sobre o futuro dos empregos é algo difícil e será uma escolha das empresas e governos usar a IA para demitir todo mundo e substituir os empregos ou para obtermos melhores resultados a partir dela.

Maurício Garcia, vice-presidente de Inovação e Ensino da Adtalem Brasil, durante palestra no 20º FNESP

Dando continuidade ao painel, Maurício Garcia destacou que existe uma preocupação e também uma excitação sobre tudo que cerca a Inteligência Artificial. Segundo ele, muitos falam que o mundo está mudando, mas ele acredita que essa transformação já aconteceu graças ao impacto dos smartphones e da Internet das Coisas no cotidiano.

Em relação à aplicação das novas tecnologias na educação, ele decretou que o conceito de sala de aula como conhecemos irá acabar, citando como exemplo disso o crescimento da modalidade de ensino a distância. Garcia falou ainda que as salas de aula e o ensino de forma geral precisam incorporar inovações como a computação gráfica, programas que corrigem questões dissertativas e até sistemas de portabilidade de crédito que superam a ideia de fidelidade dos estudantes a apenas uma instituição.

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“E qual o papel das IES nessa nova era? Elas precisam aprender a produzir, coletar e analisar dados e fragmentar as grades curriculares para construir mapas de tags a partir de aulas, disciplinas, avaliações, conteúdos, comportamento dos alunos, etc”, citou. “É preciso coragem para entender e enfrentar todos os desafios que temos pela frente”, concluiu.

O Ministro da Educação em Exercício, Henrique Sartori, abriu o evento nesta sexta (28)

Abertura do segundo dia

O Ministro da Educação em Exercício, Henrique Sartori, abriu o segundo dia de palestras do 20º FNESP – Fórum do Ensino Superior Particular Brasileiro destacando que as IES precisam ter coragem para enfrentar os desafios que estão surgindo a partir das novas tecnologias. “Os ciclos econômicos não são mais restritos e demoram 100 anos para acontecer. Eles acontecem mais rápidos e atingem a todos. Precisamos então incentivar as IES a propor e discutir novos formatos de aprendizagem e cursos dentro dessas novas perspectivas tecnológicas. Precisamos de coragem para empreender, capacitar nossos jovens e apostar na educação superior”, declarou.

O 20º FNESP foi realizado durante dois dias no WTC em São Paulo, debatendo o tema “Desafios da 4ª Revolução Industrial para o Ensino Superior”. O evento refletiu como as IES podem enfrentar questões como o valor do diploma, as novas profissões e a tecnologia nessa nova era por meio de palestras de especialistas nacionais e internacionais.