O Censo da Educação Superior 2017, divulgado pelo Ministério da Educação e Inep, nesta quinta (20), mostrou que houve aumento no número de matrículas dos cursos presenciais e a distância. No total, os cursos presenciais e a distância cresceram 3,0%. No entanto, quando analisado somente o percentual de matrículas do presencial, nas redes pública e privada, o total registrou ligeira queda de 0,4%. Já no EAD, o percentual de matrículas aumentou no total em 17,6%.

Para o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, a análise desses dados indica que “o Brasil está perpetuando as gerações sem acesso ao ensino superior. Considerando a faixa etária do aluno do presencial (22 anos) e do EAD (30 anos), aliado ao baixo crescimento e estagnação dos cursos presenciais, é possível afirmar que o Brasil não está conseguindo ampliar o ingresso do jovem ao ensino superior. As principais razões são política de financiamento estudantil ineficiente, dificuldades de acesso ao ensino público e falta de motivação dos jovens.”

“Historicamente, os jovens foram excluídos por anos do ensino superior. E ainda hoje a taxa líquida de escolarização no Brasil, entre os jovens de 18 a 24 anos, é de apenas 18%, bem abaixo da média mundial, e muito distante da meta 12 do Plano Nacional da Educação, que prevê ampliar para 33% o número de jovens no ensino superior até 2024”, ponderou o diretor executivo do Semesp.

Na avaliação de Rodrigo Capelato, embora seja positiva a expansão do ensino a distância, o Brasil está fazendo uma leitura errada dos dados. “Levando em conta a faixa etária do estudante, o público do EAD é aquele que não teve oportunidade e condição de ingressar no superior assim que concluiu o ensino médio, e hoje está em busca de melhorar a sua posição profissional com o diploma, atraídos tão somente pelas facilidades do EAD, como flexibilidade de horário e mensalidades mais acessíveis, sem considerar a sua vocação. Além disso, por não levarem em conta aspectos mais relevantes para a sua formação e de não avaliarem se têm a disciplina necessária para cursar essa modalidade, muitos evadem”, afirmou Capelato.

“Além de esconder a realidade, o Brasil não está discutindo maneiras de voltar a motivar os jovens a ingressarem no ensino superior, tornando os cursos mais eficientes e atrativos, como exemplos, misturar as duas modalidades para criar cursos híbridos, com o uso de tecnologia, a sala de aula invertida, que possibilita aulas dinâmicas e não só expondo os alunos a conteúdos como é hoje, oferecendo um papel mais ativo ao jovem na sua formação. Também não estamos discutindo as profissões do futuro, as novas carreiras, os impactos da 4ª Revolução Industrial no mercado de trabalho. Diante desse cenário e na contramão dos países desenvolvidos, corremos o risco de ampliar as desigualdades socioeconômicas”, concluiu Rodrigo Capelato.