Com a participação de um número de estudantes cada vez maior, Congresso de Iniciação Científica é ambiente propício para jovens pesquisadores

José Eduardo Coutelle

172_35O Congresso de Iniciação Científica (Conic) apresentou números recordes na última edição realizada nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro de 2012, que teve como sede a Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo. A participação no evento teve um aumento de 85% em comparação com a primeira edição realizada em 2005. Ao todo, foram 1.949 trabalhos inscritos, sendo 1.536 aprovados para apresentação e disputa à premiação nas categorias “em andamento” e “concluído”, nas áreas ciências biológicas e da saúde, ciências exatas e da terra, ciências humanas e sociais, ciências sociais aplicadas e engenharias e tecnologias. Além desses, houve a distinção especial aos trabalhos cujos assuntos estavam relacionados à inovação é à sustentabilidade, tema deste 12º Conic. Figura fundamental para o sucesso do evento, os estudantes compareceram em peso, e grande parte dos 2.641 alunos pesquisadores responsáveis pela execução dos trabalhos – incluindo autores e coautores – estiveram presentes no congresso. Os alunos vieram de 232 instituições de ensino superior de todas as regiões do Brasil.

O diretor executivo do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), Rodrigo Capelato, comemora os números e conta que a cada ano a qualidade dos trabalhos inscritos tem aumentado significativamente, tornando o processo de seleção mais rigoroso. Isto se deve, segundo ele, não só aos prêmios em dinheiro pagos aos vencedores – R$ 2 mil aos trabalhos concluídos e R$ 1 mil aos em andamento (podendo ser acrescido da metade caso o aluno esteja presente na premiação) –, mas também como um diferencial para o currículo do aluno que busca por uma boa vaga no concorrido mercado de trabalho (veja relação completa dos vencedores no site www.revistaensinosuperior.com.br).

E por falar em alunos, eles estavam por todas as partes: sentados nos bancos, nos degraus, nos bares, nas salas, em frente aos painéis, circulando de um lado para o outro, uns mais ansiosos ensaiando suas apresentações e outros tranquilos após a breve defesa. Em comum, carregavam uma parcela de um conhecimento bem específico, construído através de meses de pesquisa. “Podemos afirmar que os alunos que estão aqui já são vitoriosos. Com certeza serão destaque nas suas áreas”, observou o coordenador da área de ciências biológicas e da saúde do Conic, Luís Antônio Baffile Leoni.

“Aqui eles podem encontrar pessoalmente outros estudantes que desenvolvem trabalhos semelhantes, e aos quais antes só tinham acesso através da internet. Isso engrandece a pesquisa”, salientou.

Graduação qualificada
Eufórica, Elen Cristina de Almeida Silva era só alegria ao apontar para seu nome escrito no mural que indicava os trabalhos classificados para a fase final. Ela registrava o momento com fotos feitas pelo celular e comemorava com as amigas a posição alcançada. Lá estava o projeto da aluna do 3º ano do curso de enfermagem da Anhanguera, destaque entre os mais de 300 inscritos na categoria de ciências biológicas e saúde. “Não esperava estar com o nome na lista”, disse, emocionada, a estudante de 28 anos, que partiu de Cuiabá de ônibus fretado, em uma viagem de 24 horas até São Paulo.

O projeto desenvolvido por Elen teve origem nas terras de seu pai em Rondônia, quando o dito popular dizia que o chá de uma determinada planta amenizava a dor de garganta. Assim surgiu o projeto de análise fitoquímica da Cissus gongylodes, popularmente conhecida pelo nome de anil-trepador ou uva brava.

Próximo dali, no saguão da universidade, alunos treinavam as apresentações dos painéis, esperando o momento em que um dos 80 professores do Conic avaliassem seus trabalhos através dos critérios de desenvolvimento, ineditismo e qualidade. Daniele Jardim Feriani, 20 anos, era um deles. A estudante do curso de educação física da Universidade São Judas Tadeu desenvolveu um estudo inovador sobre os efeitos do tabagismo na juventude e a utilização de um equipamento respiratório (Threshold) que pudesse reduzir os danos do cigarro.

Em uma das salas do quinto andar, Jaqueline Lemos dos Santos, 29 anos, apresentava seu projeto de hambúrguer composto por berinjela, aveia e okara (subproduto do leite de soja). O objetivo da aluna do curso de engenharia de alimentos da Universidade Metropolitana de Santos era simples, mas de grande utilidade: reduzir o colesterol ruim e proporcionar um alimento mais saudável. E a meta foi alcançada. “Primeiro testamos a berinjela crua, depois cozida, fizemos alguns testes para tirar o amargor. Usamos o aroma próprio para hambúrguer, sempre tentando aumentar a proporção de berinjela”, comentou a orientadora de Jaqueline, professora Eliane Marta Quiñones.

Em outra área, o aluno da Escola de Engenharia Mauá Raphael Ballet, 21 anos, se propôs a desenvolver um estudo de movimentação de robôs utilizando inteligência artificial. O objetivo era desenvolver em um robô de 30 centímetros de altura com formato humanoide e movimentação autônoma a capacidade de acompanhar uma bola de futebol e chutá-la quando estivesse ao seu alcance. O mecanismo se utilizava de uma câmera embarcada e oito diferentes movimentos. Entretanto, apenas parte do objetivo foi alcançado, e essa história poderá ficar para o próximo Conic, pois, de acordo com Raphael, ele seguirá na tentativa de que Robonova 1, como é chamado, consiga acertar a bola.