O Semesp – Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior acaba de lançar pesquisa inédita sobre graduação tecnológica encomendada à Folks Netnográfica e à Num.br. O resultado revela que o mercado de trabalho não absorve bem a modalidade por preconceito e desinformação. “O objetivo do estudo foi entender o que influencia a demanda por cursos superiores de tecnologia, qual a imagem da oferta entre os interessados, a percepção do mercado, por que o interesse pela modalidade não cresce, quando seria de se esperar o contrário, apontando caminhos para que a graduação tecnológica seja mais uma opção e um caminho diferencial no mercado de trabalho”, disse o diretor executivo do sindicato, Rodrigo Capelato.

A pesquisa foi construída com base na geração de aprendizados e insights criados a partir da coleta de dados públicos no Google Brasil e de análises feitas por meio de identificação e seleção de conversas entre estudantes e egressos da modalidade e estudantes de bacharelados nas redes sociais, em blogs, fóruns de discussão e em sites e portais especializados na internet. “Os interessados querem emprego e reconhecimento social mas encontram justamente o contrário. Faltam vagas, falta reconhecimento no mercado, mas sobra desinformação e preconceito. Os tecnólogos são vistos como subgraduados” comenta Debora Figueiredo, sócia da Folks Netnográfica e coordenadora da pesquisa.

O trabalho foi dividido em cinco etapas:

1ª. Identificação do perfil geral do público interessado em graduações tecnológicas analisados de acordo com algoritmos de interesse do Facebook (curtidas, interações, atividades e visitas);

2ª. Identificação do perfil do público na procura por 10 cursos tecnológicos (Gestão em Recursos Humanos; Gestão de Logística; Análise e Desenvolvimento de Sistemas; Empreendedorismo; Gastronomia; Estética & Cosmética; Tecnologia da Informação; Marketing e Propaganda; Gestão Financeira e Radiologia), por meio de análise de 108 grupos criados pelos próprios alunos da modalidade para trocar informações e conteúdos desses cursos;

Análise de buscas no Google Brasil com ferramentas de integração, geolocalização e análise quantitativa e qualitativa de dados;

4ª. Conversas do público sobre o mercado e aprendizados pela análise de quatro pontos-chave: Cultura; Relevância; Diferenciação e Marca, coletados nas redes sociais, blogs, fóruns, sites e portais especializados e afins;

5ª. Mercado de trabalho e aprendizados, coletados por meio de dados públicos de anúncios de vagas ativas de emprego, publicados nos sites Catho, Manager Empregos e Empregos.com.

“Da análise total percebemos aspectos negativos e positivos, mas o que mais nos chamou a atenção foi que hoje o mercado de trabalho não absorve bem esses formados por muitos preconceitos e desinformação sobre o que é a graduação tecnológica, ou seja, que é uma formação superior e não simplesmente um curso técnico profissionalizante”, analisou Capelato. No entanto, para o diretor executivo do Semesp, sem a graduação tecnológica (que nos EUA representa 45% das matrículas, na Alemanha, 44% e na Coreia do Sul, 35%) e só com os bacharelados tradicionais o mercado de trabalho brasileiro também caminha para uma saturação de graduações mais tradicionais.  Dados de 2015 mostram que há 1,01 milhão de matriculados na graduação tecnológica enquanto que nos bacharelados as matrículas chegam a 5,5 milhão (apenas 13% do mercado contra 69% dos bacharelados tradicionais).

Capelato acredita que os cursos tecnólogos precisam ter um diferencial e ser mais focados para o mercado de trabalho. “Hoje a modalidade está desgastada, há muita burocracia do MEC para autorizar novos cursos, que demoram de 1 a 2 anos enquanto que o ciclo de vida desses cursos é bem curto. O correto seria, ao invés de autorizar o curso por total de vagas, autorizar por eixo, distribuindo melhor as vagas para cada eixo”, explicou.

Segundo Capelato, a graduação tecnológica não é para todos. Geralmente são pessoas mais velhas (entre 25 e 34 anos), com maior porcentagem de público masculino (60%), que residem em sua maioria nos estados de São Paulo (73%) e Minas Gerais (15%) e que já atuam em uma área e veem no curso tecnólogo uma oportunidade para ascender profissionalmente ou que, ao finalizar o ensino médio, não tiveram a oportunidade ou condições financeiras para cursar um bacharelado. “Cerca de 73% dos que ingressaram em algum curso tecnológico vem do ensino médio público e está inserido na Classe C, o que mostra  uma ótima oportunidade para o Governo incentivar políticas públicas no sentido de bater a meta do Plano Nacional da Educação (PNE), que é a de inserir até 2024, 33%, ou seja, mais 3 milhões de pessoas no ensino superior.”

Entre os principais benefícios de se cursar uma graduação tecnológica, encontrados na pesquisa, foram elencados: formação mais rápida e focada no mercado de trabalho, economia de tempo e dinheiro; boa oportunidade de reduzir matérias quando se opta em continuar os estudos e fazer um bacharelado na mesma área; maior rapidez para já cursar uma pós-graduação na área de escolha; caminho mais rápido e barato para um up grade ou reposicionamento de carreira, entre outros.

Já entre os aspectos negativos, o estudo mostrou que existem muitos preconceitos sobre a graduação tecnológica tais como não ser uma modalidade reconhecida no mercado de trabalho e concorrer com profissionais com bacharelado na mesma área de formação; falta de oportunidade para conseguir estágios; desinformação sobre a diferença entre curso técnico e graduação tecnológica e entre tecnólogos e bacharéis; ser uma propaganda enganosa do Governo; preconceito dos profissionais de RH em não contratarem tecnólogos e optarem por profissionais com bacharelado na mesma área de formação; remuneração menor na mesma função de um profissional com bacharelado; entre outros. “Uma das questões institucionais mais contundentes é que, inclusive, o governo raramente inclui os tecnólogos nos próprios editais de contratação de pessoal”, explicou Caio Simi, sócio-fundador da Numbr.

Cursos têm aceitação e reconhecimento diferentes 

A pesquisa apontou também diferentes pontos positivos e negativos para cada um dos 10 cursos de graduação tecnológica.

  • Gestão em Recursos Humanos, as pessoas pesquisadas disseram, em sua maioria, que é para quem já está na área e deseja fazer um upgrade na carreira.
  • Radiologia os formados têm dificuldade em arrumar emprego e concorrem com técnicos.
  • Estética o principal ponto apontado foi que vale a pena cursar desde que o aluno tenha condições de montar seu próprio negócio.
  • Gestão de TI é ideal para quem atua na área e tem boa empregabilidade.
  • Análise de Sistemas o tecnólogo é bem aceito e valorizado.
  • Gastronomia há um preconceito em relação ao profissional tecnólogo, o mercado é exigente e valoriza a experiência.
  • Marketing há uma dúvida em cursar o tecnólogo ou o bacharel em publicidade e propaganda, mas a qualidade do curso foi considerada boa.
  • Gestão Financeira é mais voltado para quem já trabalha na áera e o mercado também prefere experiência.
  • Logística, há falta de oferta de trabalho, porque todas as vagas são voltadas para técnicos.
  • Segurança no Trabalho há preconceito de engenheiros em relação aos tecnólogos.

“O estudo chegou a conclusão de que as pessoas que cursam a graduação tecnológica estão em um estágio de ciclo de vida pessoal em que suas motivações estão voltadas para conseguir, ou consolidar, seu espaço no mercado de trabalho, de forma mais objetiva e rápida e que elas não querem se arriscar cursando uma graduação que não atinja esses objetivos. “Por outro lado, o estudo mostra que quem faz graduação tecnológica não reclama da qualidade do curso, mas tem uma descrença com a atual situação do mercado de trabalho no Brasil frente a crise econômica. Das mais de 14 mil vagas de empregos anunciadas nos três portais estudados, apenas 352 especificavam graduação tecnológica, ou seja, há pouca oferta de trabalho”, concluiu Bernardo Lorenzo Fernandez, responsável pelo marketing digital da Folks Netnográfica.

A solução apontada pela pesquisa seria as Instituições de Ensino Superior buscar, junto ao Ministério da Educação, resolver a questão institucional da categoria para que os profissionais nessa modalidade de ensino, em formação ou egressos, possam participar de editais e concursos públicos; oferecer oferta casada de tecnólogo mais pós-graduação, tecnólogo mais bacharelado na mesma área e tecnólogo mais bacharelado, aproveitamento créditos em áreas afins, além de criar cursos diferenciados que hoje não existem similares em graduação e que o mercado demande.

Sobre o Semesp – Fundado em 1979, o Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior congrega cerca de 200 mantenedoras no Estado de São Paulo e no Brasil. Tem como objetivo preservar, proteger e defender o segmento privado de educação superior, bem como prestar serviços de orientação especializada aos seus associados. Periodicamente, realiza uma série de eventos, visando promover a interação entre mantenedoras e profissionais ligados à educação. Dentre eles, destacam-se o Fórum Nacional: Ensino Superior Particular Brasileiro, o Congresso Nacional de Iniciação Científica e as Jornadas Regionais pelo Interior de São Paulo. Para saber mais, acesse www.semesp.org.br;  www.facebook.com/semesp/ https://www.linkedin.com/company/semesp.

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