O portal Desafios da Educação publicou, nessa segunda-feira 11/06, matéria sobre a 10ª Missão Técnica Internacional do Semesp, que neste ano realizou visitas técnicas em instituições que são referências em educação de qualidade nas cidades australianas de Sydney, Brisbane e Melbourne. Confira o texto abaixo e link para matéria na íntegra.

 

O que o Brasil pode aprender com as universidades da Austrália

Na Austrália, 43 universidades e 125 faculdades atendem juntas mais de 1,4 milhão de estudantes. Detalhe: entre eles, cerca de 400 mil (quase 30%) são estrangeiros. Depois dos Estados Unidos e da Inglaterra, nenhum outro país atrai tantos intercambistas quanto a ilha da Oceania. Pudera: as faculdades e universidades da Austrália estão entre os 10 melhores sistemas de ensino superior do mundo.

Imbuídos do desafio de mergulhar nesse ecossistema, um grupo de educadores brasileiros visitou o país, em abril, na 10ª edição da Missão Técnica Internacional organizada pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp). A comitiva contou com 40 pessoas, entre membros do Ministério da Educação (MEC), representantes do Semesp e gestores de IES brasileiras.

Durante 13 dias, o grupo realizou visitas técnicas e participou de seminários em instituições de Sydney, Brisbane e Melbourne, cidades que abrigam algumas das melhores faculdades e universidades da Austrália.

“As estruturas de todas as instalações que visitamos, das salas de aula aos laboratórios, dispõem de equipamentos de última geração”, observa Maria Beatriz Balena, pró-reitora de graduação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Para ela, esse é justamente o campo em que as IES brasileiras mais precisam investir. Maria Beatriz também observa que por lá a comunidade local se beneficia com os recursos disponibilizados pela IES: “Em uma universidade que visitamos, a biblioteca funciona até as 2h da manhã”.

Referências para o Brasil

A missão técnica em faculdades e universidades da Austrália começou por Sydney, onde o grupo conheceu a University of Technology e a Macquarie University, que mantêm parcerias com instituições de outros países. Nessas IES, o grande destaque fica por conta da interação com empresas. “Esse contato permite que os currículos dos cursos sejam elaborados para atender habilidades e competências demandadas pelo setor produtivo”, explica Thales Hannas, diretor da Faculdade de Ciências Gerenciais de Manhuaçu (Facig), de Minas Gerais.

Em Melbourne, a comitiva participou de um Programa para Capacitação de Líderes, promovido pelo LH Martin Institute, e visitou a RMIT University e a Swinbourne University of Technology.

A última parada foi em Brisbane, onde os brasileiros conheceram a Bond University, IES privada que virou referência ao ganhar espaço em um mercado dominado por instituições públicas de alta qualidade. Em 2017, a universidade conquistou cinco estrelas na avaliação do ranking Good Universities Guide, que considera fatores como a qualidade do ensino, o engajamento no aprendizado e a experiência estudantil.

Na cidade, o grupo também conheceu as instalações da Browns English Language School e da University of Southern Queensland (USQ). Dos 26 mil alunos que a USQ tem, cerca de 20 mil estudam a distância. José Sérgio de Jesus, reitor do Centro Universitário Projeção, com polos em Goiás, Tocantins e no Distrito Federal, diz ter gostado do que viu. Tanto que promete trazer para o Projeção alguns exemplos vistos na USQ. “O modelo de interação virtual para feira de profissões e de empregabilidade da USQ aproxima o mercado da universidade por meio de ferramentas relativamente simples”, explica.

Virada nas universidades da Austrália

Com uma matriz educacional flexível, a taxa de alfabetização no Austrália é de 96%, de acordo com o último censo do instituto Australian Boreau of Statistics (ABS), divulgado em 2012. Já o índice de formação superior chega a 49%, caracterizando-se como um dos mais altos entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No Brasil, a taxa é de 14%, conforme a OCDE.

Direcionado à empregabilidade, o ensino superior australiano possui indicadores de qualificação técnica ou de nível superior que ultrapassam 57% entre adultos de 25 a 64 anos. Além de utilizar tecnologia como suporte para o aprendizado em atividades de pesquisa e extensão, o setor investe em estratégias de internacionalização. Para isso, mantém programas específicos de validação para atrair estudantes – inclusive do Brasil.

Outro destaque é o modelo de financiamento estudantil, considerado um dos mais eficazes do planeta. Como a Austrália não oferece gratuidade em suas universidades públicas, o país precisou remodelar os meios de ingresso no ensino superior (mais detalhes no link abaixo).

Leia mais: Austrália recuperou universidades públicas ao implementar cobrança

Na visão de Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, a cobrança no ensino público é uma questão o Brasil terá de enfrentar em algum momento. “A gratuidade foi discutida há 30 anos na Austrália e agora é um assunto totalmente resolvido”, diz ele, em entrevista ao Semesp.

“A Austrália corrigiu essa distorção e garantiu financiamento estudantil para todos os alunos, que só pagam ao governo caso atinjam determinado nível de renda.” Outro ponto forte por lá é que as universidades atuam integradas a organizações governamentais e também não-governamentais – o que costuma gerar projetos de intervenção social. “O comprometimento das instituições com o desenvolvimento do país se reflete na qualidade de vida das pessoas”, avalia José Wilson dos Santos, reitor do Centro Universitário Ages, localizada em Paripiranga, na Bahia.

Nos últimos anos, as IES brasileiras começaram a implementar projetos sociais, práticas pedagógicas e metodologias ativas similares às desenvolvidas nas faculdades e universidades da Austrália. Mas, para Santos, o Brasil ainda depende de maiores investimentos em tecnologia e de uma rede de ensino integrada com outros setores da sociedade.

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